Os mercados financeiros da Europa vivem um dia de queda generalizada, assim como os asiáticos, que já fecharam o pregão. Trump anunciou tarifas que vão de 10% a até 50% sobre vários países.
O dólar e os mercados financeiros globais vivem um dia de quedas fortes e generalizadas nesta quinta-feira (3), com os investidores reagindo mal ao anúncio das tarifas recíprocas que os Estados Unidos vão cobrar sobre vários países do mundo na véspera.
Por volta das 9h45 (horário de Brasília), o índice DXY (que é um indicador que mede o desempenho do dólar em relação a uma cesta com as principais moedas do mundo) operava em queda de quase 2%, na menor cotação desde setembro do ano passado. No Brasil, o dólar caía 1% e era negociado a R$ 5,64.
Entre as bolsas de valores, os mercados asiáticos fecharam em baixa e os principais índices acionários da Europa também recuam. O índice Euro Stoxx 50, que reúne ações de 50 das principais empresas da Europa, registrava queda de cerca de 3%.
O mercado recebeu o anúncio de forma negativa porque tarifas maiores sobre a grande maioria dos produtos que chegam aos EUA devem encarecer, além de produtos finais, uma série de insumos para a produção de bens e serviços no país.
Especialistas avaliam que esse encarecimento deve pressionar a inflação e diminuir o consumo, o que pode provocar uma desaceleração ou até recessão da atividade econômica da maior economia do mundo — o que ajuda a desvalorizar o dólar neste pregão.
As baixas mais expressivas eram registradas pelos mercados alemão, francês e holandês. Outras bolsas de países do bloco, porém, também registravam quedas.
Veja o desempenho das principais bolsas da União Europeia, por volta das 9h45:
- 🇩🇪 o DAX, da Alemanha, caía 2,29%
- 🇫🇷 o CAC 40, da França, caía 3,00%
- 🇮🇹 o Itália 40, da Itália, caía 2,62%
- 🇪🇸 o IBEX 35, da Espanha, caía 1,51%
- 🇳🇱 o AEX, da Holanda, caía 2,56%
O presidente americano Donald Trump anunciou que vai impor tarifas de 20% sobre todos os produtos importados pelos EUA vindos de países da União Europeia.
As tarifas devem começar a valer em 5 de abril. No entanto, para casos de taxas individualizadas e mais altas, a data para entrarem em vigor é o próximo dia 9. (veja mais abaixo a tabela com todas as tarifas)
Fora do bloco, o Reino Unido também enfrenta um pregão negativo. O principal índice acionário do país, o FTSE 100, caía 1,40%, no mesmo horário. Trump impôs tarifas de 10% sobre os produtos vindos de lá.
Já o índice SMI, da Suíça, país sobre o qual Trump decretou tarifas de 31%, tinha uma queda ainda mais expressiva, de 1,94%.
A Ásia também teve um pregão de queda por toda parte. Os países do continente foram alguns dos mais afetados pelas tarifas de Trump.
Vietnã, Bangladesh e Tailândia, por exemplo, receberam taxas de 46%, 37% e 36%, respectivamente. A China, segunda maior economia do mundo, terá seus produtos tarifados em 34%. Coreia do Sul e Japão terão tarifas de 25% e 24%.
Veja o desempenho das principais bolsas asiáticas:
- 🇭🇰 Hang Seng, de Hong Kong, caiu 1,52%
- 🇯🇵 Nikkei 225, do Japão, caiu 2,73%
- 🇬🇸 Kospi, da Coreia do Sul, caiu 0,76%
- 🇹🇭 SET, da Tailândia, caiu 0,93%
- 🇮🇳 Nifty 50, da Índia, caiu 0,35%
As tarifas de Trump
Trump detalhou, nesta quarta-feira (2), as tarifas recíprocas que promete desde o início de seu mandato.
O presidente explicou que as tarifas cobradas sobre os produtos vindos de outros países serão equivalentes a pelo menos a metade das tarifas cobradas pelos mesmos países sobre os produtos importados dos EUA.
As regiões mais afetadas foram a Ásia e o Oriente Médio, com taxas que ultrapassam os 40% em alguns casos.
A Europa também foi bastante impactada com as tarifas anunciadas pelo presidente, que classificou os comerciantes europeus como “muito duros”. “Vocês sabem, vocês pensam na União Europeia, muito amigáveis. Eles nos exploram. É tão triste de ver. É tão patético”, disse.
O Brasil entrou no grupo que recebeu as tarifas mais suaves, de 10% sobre todas as importações.
Trump chamou o anúncio das tarifas recíprocas como “Dia da Libertação”. O objetivo do presidente é que essas taxas “libertem” os EUA de produtos estrangeiros.
A forma para que os outros países evitem as taxas, segundo Trump, é transferindo suas fábricas para os EUA.
Ainda há muita incerteza sobre como a tarifação vai funcionar, o que gera estresse nos mercados globais e reascende as preocupações com um descontrole da inflação e queda da atividade econômica — já que taxas mais altas para as importações tornam não apenas os produtos, mas insumos utilizados pelas indústrias mais caros.
Conteúdo complementar: https://g1.globo.com/economia/noticia/2025/04/02/tarifas-reciprocas-veja-a-lista-de-taxas-cobradas-pelos-eua-por-pais.ghtml
Foto: Carlos Barria/Reuters